Trabalhar para pagar um carro

Trabalhar para pagar um carro

O resumo da vida de muitos portugueses.

Muitos portugueses não o sabem, ou não querem saber, mas trabalham principalmente para pagar um carro, especialmente os mais novos no início da sua vida adulta. Pagar um carro porque precisa de trabalhar, e trabalhar porque precisa de pagar um carro, uma pescadinha de rabo na boca.

Portugal é em 2024 um país extremamente carrocêntrico, muita gente depende do automóvel privado para obter rendimento, para sobreviver. Podíamos explorar as razões que levaram a esta dependência crónica, mas este não é o objetivo deste artigo. O objetivo deste texto é explorar o impacto, a percentagem dos rendimentos que cada português dedica às suas deslocações laborais, apenas para obter esse rendimento.

Segundo os censos de 2021, cerca de 66% dos residentes em Portugal fazem uso do automóvel privado para se deslocarem ao seu local de trabalho ou estudo. Um recorde, nunca este valor foi tão alto. Ao mesmo tempo a percentagem de pessoas que se deslocavam a pé, de metro ou autocarro caiu drasticamente, e apenas o comboio se manteve mais ou menos estagnado.

Posto isto, vamos fazer um exercício simples. Calcular o somatório, conservador e otimista, de todas as despesas mensais que vêm associadas à utilização de um automóvel privado como meio de transporte para o trabalho.

220€ Para adquirir Carro

A grande maioria compra carro a crédito, os números para 2024 não deixam dúvidas. Os portugueses nunca antes pediram tanto dinheiro emprestado para adquirir automóveis, é um novo máximo histórico. Isto numa altura em que os juros para pedir dinheiro estão em máximos de 24 anos. É preciso recuar até ao início do século para encontrar os juros no mesmo patamar, e ainda assim, impulsionado pela compra de carros, "Crédito ao consumo sobe 8,7% para recorde de 5,5 mil milhões até agosto".

O valor de 220€ pode ser considerado bastante razoável e representar uma grande parte da população que recorre a este tipo de financiamento. Está abaixo de 1/3 do valor líquido de um salário mínimo, e por isso a tendência será a existirem bem mais casos em que pagam um valor superior do que inferior. 

Certamente alguns pagarão um pouco menos, especialmente aqueles que estão agora a terminar de pagar um crédito mais antigo, feito numa altura em que os juros e salários poderiam estar ligeiramente mais baixos. Mas para créditos feitos hoje, e olhando para o tipo de veículos a circular nas estradas juntamente com seus preços, não será muito fácil justificar prestações mais baixas que estas, o que torna esta estimativa bastante conservadora e otimista.

Com 220€ é possível pagar um carro de 15/16 mil euros em 10 anos sem entrada inicial. Tendo em conta as simulações que as principais financeiras disponibilizam, deve chegar para um segmento C de uma marca europeia importado já com alguns km e pelo menos uns 4 ou 5 anos de idade.

Ainda que alguém compre um carro sem recorrer a crédito, terá de passar na mesma alguns anos a poupar. E não há dúvidas nenhumas de que esta é a melhor abordagem das duas, mas este não é o artigo dedicado a falar sobre isso. Vamos só assumir uma prestação ou poupança de 220€ para aquisição de um automóvel.

42€ para Seguro

Sim, cerca 500€ anuais. Um carro que ainda não está pago tem de estar segurado contra danos próprios. E se já não é obrigatório, já o foi, e não o fazer é de uma irresponsabilidade imensurável. Um simples erro, deixa de existir carro, mas temos de o continuar a pagar, durante muitos anos, ao mesmo tempo que agora é preciso comprar outro. É um risco que não vale a pena correr pelas gravíssimas implicações financeiras associadas.

É possível encontrar seguros com proteção de danos próprios por menos de 500€, nomeadamente nas companhias digitais sem agências, mas nunca menos de 400. E nas tradicionais é mais fácil achar uma em que o prémio anual é superior a 600 do que inferior. E tudo isto se agrava para os jovens que são penalizados precisamente por causa da idade e falta de historial.

500€ anuais é um valor médio bem otimista e representa um equilíbrio entre aqueles que escolhem fazer o contrato com uma digital versus quem prefere as tradicionais com agências.

22€ Para Manutenção Programada

Mais precisamente 21,75€ mensais e 261€ anuais. Este valor diz respeito apenas à manutenção programada, como mudanças de óleo e substituição de peças de desgaste da marca mais barata que consegui encontrar. Não incluem qualquer imprevisto ou avaria. É um valor extremamente conservador e otimista baseado numa média dos valores das intervenções reais programadas a 10 anos e 150 mil km, num automóvel relativamente recente da marca Hyundai a gasolina. Gasóleo será sempre mais caro. Marcas europeias mais populares como VW, Renault, Peugeot são indiscutivelmente bem mais caras, e não vale a pena mencionar Mercedes, BMW ou Audi.

A vasta maioria dos condutores irão pagar mais do que 22€ por mês em manutenção, este é muito provavelmente o melhor caso possível.

109€ Para Custos Variáveis

Agrupei estes custos por serem variáveis e dependerem da distância percorrida. Por isso, para estes cálculos, foi tida em conta um total de 6336 km anuais. É aproximadamente a distância que um trabalhador a tempo inteiro percorre se apenas fizer uma viagem de ida e volta, e trabalhar a 12 km de distância de casa. 

Certamente algumas pessoas vivem a menos de 12km do local de trabalho, mas outras tantas também percorrem distâncias superiores. Então se tivermos em conta as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, que reúnem juntas quase metade da população Portuguesa, este valor será certamente superior. Para além disso, fora dos grandes centros urbanos, nas cidades médias, pequenas ou vilas, mesmo para quem mora a menos de 12 km, é prática comum fazer-se 4 viagens por dia para se almoçar em casa, o que aproxima, e muitas vezes supera os 24 km diários tidos em conta.

Combustível

Para o combustível, e tendo em conta que à data da redação deste artigo o preço médio da gasolina simples 95 está nos 1,72€ e o Gasóleo Simples nos 1,59€, foi tido em conta um preço intermédio e redondo de 1,65€. Este preço faz com que este indivíduo hipotético gaste cerca de 52€ por mês em combustível para um consumo médio de 6L/100. Um valor equilibrado entre aqueles que até conseguem menos que isso por não apanharem transito, e aqueles que fazem sempre um pouco mais por causa do constante para e arranca.

Pneus

De igual forma vai gastar pneus. Para este custo foi calculado o valor por km tendo em conta o meu próprio histórico na mudança de pneus na medida mais comum da jante 16". O meu valor deu cerca de 0,012€ por km, mas vamos assumir o valor mais baixo de 0,008€ para garantir que o factor de condução, nem a escolha de um pneu ligeiramente mais caro, não interfere nos cálculos. 

De qualquer das formas este valor traduzido mensalmente é bastante baixo, representa quase um erro de arredondamento nas contas finais. Fazendo as contas, em pneus, por mês gasta neste nosso cenário, 3,70€. Para quem tem medidas menos comuns ou tamanhos maiores como é o caso da nova moda dos SUV's, este valor é, com toda a certeza, superior.

Depreciação

Depois o custo mais ignorado de todos, o custo da depreciação. É aquele que quase ninguém entende nem quer saber, mas deve ser importante, senão as empresas não incluíam isso nas suas contas como despesa, nem o estado aceitava receber menos em IRC por causa disso. 

É aquele custo que explica o fenómeno de se comprar um carro de 15.000€, pagar-se 25.000€ por ele durante 10 anos, e no fim de o pagar, este valer menos de 10.000€. Este custo existe, não é fictício, e quanto mais se conduz um veículo mais este desvaloriza. Claro que o simples tempo vai desvalorizando o veículo de qualquer das formas, e esta desvalorização varia consoante a marca e modelo, mas o desgaste da utilização acentua e está diretamente relacionado com essa desvalorização, por isso faz sentido que se tenha em conta um valor de depreciação por km, que neste caso se fixou no valor otimista de 0,10€ por km.

E para se ter uma noção do quão otimista este valor é, em 5 anos com este valor de depreciação por km, um carro vai desvalorizar cerca de 3 mil euros apenas. É muito difícil encontrar exemplos de automóveis para o dia a dia que desvalorizem menos do que 3 mil euros em 5 anos.

Ao fim do mês, em média o nosso trabalhador vai pagar mais pela depreciação do seu carro do que em combustível que o faz mover, cerca de 52,80€.

13€ Para Inspeção e IUC

Este valor é a divisão por 12 de um imposto típico de 130€ e uma taxa de inspeção periódica de 30€ pagas anualmente. Não há muito que falar aqui, são custos bastante fixos, o único que pode carecer de alguma explicação é o IUC. Para alguns pode ser muito menos por causa dos carros anteriores a 2007, mas para carros depois desse ano encontramos valores bem mais próximos dos 200 do que perto dos 100. E se nos focarmos no contexto atual, 130 parece um valor bem conservador para alguém que procura um carro hoje com uns 5 anos de idade.

O melhor caso possível

Para que não restem dúvidas que este é de facto o melhor cenário possível, e que daqui só pode piorar, vamos fazer uma visita aos eventuais custos que podem, e vão inevitavelmente aparecer inesperadamente associados à utilização do carro, e não foram tidos em conta.

Portagens, parques de estacionamentos e/ou avenças mensais, lavagens. Um furo no pneu acabou de aumentar os custos. As tampas de saneamento constantemente mal alinhadas fazem com que tenha de alinhar mais vezes a direção. Não quer gastar dinheiro a alinhar a direção regularmente? Agora tem de trocar de pneus mais cedo. Teve um acidente sem culpa nenhuma? Paciência, ao menos arranjaram-lhe o carro de graça, mas a depreciação deste acabou de acelerar. Afinal teve culpa? Arranja o carro ou paga a franquia e parabéns, o prémio da seguradora acabou de subir durante uns anos. Distraiu-se ao volante e exagerou na velocidade ou foi apanhado ao telemóvel? Paga multa, e por favor, não seja essa pessoa. As estradas andam sempre cheias de buracos, na quarta revisão sugerem-lhe trocar a suspensão, está com fugas. Costuma apanhar trânsito? O consumo de combustível acabou de aumentar. Não passou na inspeção? Paga à oficina para resolver e paga a taxa novamente. Mudar as escovas do pára brisas,  recarregar o ar condicionado com gás, não está incluído na manutenção programada. Alguém bateu-lhe com a porta num parque de estacionamento num shopping ou riscou-lhe o carro? Pode escolher não gastar dinheiro em arranjar esses pequenos defeitos, mas a sua presença empurra ainda mais para baixo o valor residual dele, e agrava o custo com depreciação. É um jogo que não dá para ganhar...

Este artigo já nem sequer aborda carros elétricos porque esses estão reservados para as elites e estão muito longe de ser um caro para as massas. Um português mediano já se endivida irresponsavelmente para comprar um a combustão interna usado, que fará um elétrico. Os únicos elétricos que os portugueses seriam capazes de comprar num futuro próximo seriam os elétricos chineses. Que são marcas subsidiadas pelo governo com o objetivo de ganhar quota de mercado e acabar com o domínio das marcas do ocidente, tanto europeias como americanas. Ainda é cedo para saber se são preços sustentáveis a longo prazo, se é mesmo possível ter lucro a vender este tipo de carros aos preços que se praticam. De qualquer das formas a Europa já tratou de implementar taxas de importação a estas marcas para proteger as tradicionais europeias, aumentando assim artificialmente os preços, e colocando-as ao mesmo nível das marcas que os portugueses já não conseguiam comprar.

O Somatório

Recapitulando e resumindo, os custos mensais são:

  • 21,75€ para manutenção programada;
  • 41,67€ para seguro;
  • 220,00€ para o crédito / poupança para aquisição;
  • 52,80€ para depreciação;
  • 3,70€ para pneus;
  • 52,27€ para combustível;
  • 10,83€ para IUC;
  • 2,50€ para inspeção periódica.

A soma destes itens dá um valor total de 405,52€, vamos ver como isto se compara com os salários dos portugueses?

 BrutoLíquidoSobra% do Líquido
  Mínimo820€730€324€56%
Mediano970€795€389€51%
    Médio1 505 €1 135 €729€36%

Fonte para o salário Mínimo, Mediano (aqui e aqui), e Médio. Para os cálculos dos valores líquidos foi tido em conta um contribuinte solteiro e sem dependentes no simulador do Doutor Finanças. É sabido que é mais penalizado em termos fiscais, mas o benefício fiscal que se ganha em troca de ter um dependente não compensa de todo. Apesar da tributação mais elevada, solteiro sem filhos acaba por ser o melhor caso possível.

Para quem recebe o salário mínimo, e para um jovem de 18 ou 19 anos acabado de sair do secundário isso é certo, manter o carro para ir trabalhar representa 56% do seu salário líquido mensal. Pior do que isso, é que se formos ver como está o Português mediano, não está muito melhor, está também com mais de metade do seu salário dedicado ao carro, 51%.

Não querendo dar uma aula de estatística, o salário mediano é de facto aquele que é mais representativo da população, é aquele salário que se aproxima mais do que a maior parte dos indivíduos aufere. A média neste caso acaba por ficar extremamente poluída por pouquíssimos salários elevados de gestores, desportistas, nomeadamente jogadores de futebol e outros salários de elite, que são poucos, mas como são também extremamente elevados em comparação, distorcem a média.

Mas mesmo assim, o salário médio gasta mais do que 1/3 do seu rendimento líquido só para obter esse rendimento. Bastante deprimente se pensarmos que nesta faixa já estamos a incluir "os que ganham bem". Para efeitos de um crédito à habitação, uma taxa de esforço que engloba todos os créditos de 30 a 35% é o recomendável, e tudo o que seja acima de 40% é considerado problemático. Ora, só na compra e manutenção deste carro, o nosso cidadão médio já rebentou com a taxa de esforço recomendável e ainda nem sequer está a pagar casa.

Mas Piora

Alguém conhece algum jovem ou qualquer adulto com uma vida minimamente ativa, que faça apenas casa - trabalho de carro e que não coloque no odómetro mais do que 6.000 km por ano? Eu não, pessoalmente já tive um ano acima dos 15.000, por isso já tive de pagar mais do que uma revisão em menos de 12 meses, e este último que passou fiquei nos 13, depois de ter definido como objetivo reduzir a utilização do carro. 

Olhando à minha volta para alguém que anda menos que eu, o mais próximo possível de alguém que apenas faz casa trabalho, nunca faz viagens longas, e raramente sai do mesmo município onde habita e trabalha, o odómetro conta cerca de 10 mil por ano, mais coisa menos coisa. E a todos os que questiono obtenho a mesma resposta, à volta de 10 mil, mais para cima do que para baixo, mas nunca mais do que 15 mil. O ciclo de revisões de 12 meses ou 15 000km que a maior parte das marcas pedem tem alguma razão de ser.

Felizmente guardei a folha de cálculo que foi usada para a análise anterior, e apenas é necessário aumentar os km anuais para obter um o valor recalculado automaticamente. Por isso vamos ver um indivíduo que faça uns banais 10 000 km por ano:

 BrutoLíquidoSobra% do Líquido
Mínimo820 €730 €262 €64%
Mediano970 €795 €327 €59%
Médio1 505 €1 135 €667 €41%

Se passarmos a ter em conta toda a utilização anual do automóvel, e não apenas só como meio de transporte para o trabalho, isto é, como toda a gente faz a utilização do seu, os números são inacreditáveis.

Como é possível estes valores? Não pode ser verdade. Mas são, e isto só não é tão mau porque duas vezes por ano lá vem uma altura que sempre cai mais algum. Não é o dobro, a retenção na fonte acaba por ficar sempre com algum, mas é sempre mais um pouquinho mais, um balão de oxigénio para se ganhar fôlego e passar mais 5 ou 6 meses debaixo de água novamente.

Por isso é que somos um país de subsídios. Subsídio de refeição, subsídio de natal, de férias, de risco, de turno de trabalho noturno. Subsídios para tudo e mais alguma coisa. Porque simplesmente não se sobem os salários base em vez de andar com esta precariedade e ginástica financeira? Trabalhos que são mais complicados e mais difíceis de encontrar pessoas dispostas a fazê-lo recebem mais, ponto final e fim da história. As pessoas depois geriam o seu dinheiro como quisessem, sem precisarem de uma entidade exterior a dizer: "Olha esta parte é para gastar no natal, esta é para gastar nas férias, esta é para gastar no almoço". Parece um pai ou mãe a explicar ao filho de 6 anos como se deve e não deve gastar a mesada. Isto é admitir que não somos capazes de gerir o próprio dinheiro, mas a julgar pelas decisões financeiras de quem compra carro a crédito a 10 anos, se calhar isso é mesmo verdade.

Conclusão

Não quero estar aqui a dar lições de moral e pedir para todos deixarem de ter carro. Eu tenho, e devo continuar a ter carro, poupei quase 5 anos e andei num muito velho durante todo esse tempo para poder comprar um sem recorrer a créditos. Escrevo este artigo precisamente porque fui fazer as contas de quanto é que isso me estava a custar anualmente. Não gostei do que vi e comecei a reduzir, e provavelmente este ano ainda vou conseguir reduzir mais que no ano passado. O que eu quero dizer é que este artigo não foi escrito por alguém que não tem carro, que só anda de bicicleta ou de transportes públicos. O autor tem e utiliza carro, apenas tem noção do que isso realmente custa e tenta reduzir ao máximo esse custo.

Era bom que a população portuguesa em geral tivesse mais noção destes custos reais envolvidos, e deixasse de ser tão hostil contra projetos que têm como objetivo diminuir esta dependência. Como por exemplo a construção de ciclovias, vias dedicadas a transportes públicos e a sua melhoria em geral, ou até a construção de mais ferrovia como a Linha de Alta Velocidade. A quantidade de oposição que esses projetos recebem da população em geral é incompreensível tendo em conta o sufoco em que se encontram.

Pedir mais infraestrutura para o carro é pedir para continuar com esta ruína financeira, é pedir para agravar o problema. Pessoas que passam uma vida inteira neste aperto são pessoas que ficam sem dinheiro para se educarem, evoluírem, e isso nota-se. Ficam com a capacidade de comprar ou arrendar casa severamente impactada, mesmo sem os preços inflacionados recentes. Ficam sem dinheiro para consumirem cultura, de qualidade pelo menos. Talvez seja por isso que reality shows dos canais de sinal aberto são tão populares.

Ficam também sem capacidade de viajar, de ver como outros países e sociedades resolvem os mesmos problemas. O que estão a fazer melhor ou pior que nós e formar uma opinião própria, ter espírito crítico. Passar momentos de qualidade com família e amigos. Estas pessoas não vivem, sobrevivem, e se calhar é melhor parar de cavar o buraco, ou pelo menos abrandar o ritmo de escavação.