Algumas das melhores estradas entre Minho e Douro para se fazer de mota

O Norte de Portugal é um verdadeiro paraíso para quem anda de mota, oferecendo estradas que combinam boas curvas, pouco trânsito e paisagens de cortar a respiração. Entre o Minho, o Douro e o Gerês, encontramos, na minha opinião, algumas das melhores estradas do país para desfrutar sobre duas rodas.

Neste artigo, partilho aquelas que considero ser as melhores estradas desta região para motards. Mas antes de arrancarmos, importa esclarecer alguns conceitos para garantir que estamos todos na mesma página.

Super elevação

A super elevação de uma estrada refere-se à inclinação do piso numa curva, onde o lado exterior é mais elevado do que o interior. Esta característica reduz a força centrífuga sentida pelos veículos ao mudarem de direção, tornando as curvas mais seguras e estáveis. Para os motociclistas, isto significa maior aderência e confiança ao inclinar a mota.

Pontos de Conflito

Os pontos de conflito são todas as zonas onde pode haver interferências na trajetória da mota. Incluem cruzamentos com outras estradas ou ruas, acessos a casas e estabelecimentos, lombas, passagens de nível e qualquer outro obstáculo que possa exigir uma travagem ou alteração de trajetória súbita.

Trânsito Automóvel

O volume de tráfego pode afetar significativamente a experiência de condução. Estradas pouco movimentadas permitem uma condução mais livre e sem tantas paragens. Pelo contrário, estradas frequentemente congestionadas ou com veículos pesados podem tornar a viagem menos agradável e até perigosa.

Índice:

• N301 entre Nó da A28 em Caminha a Cruzamento com N201 em São Roque
• N303 Arcos de Valdevez e Paredes de Coura
• N201 entre Ponte de Lima e Cossourado
• N306 de Ponte de Lima a Rebordões (Ponte de Lima)
• CM1276 entre Vilar da Veiga e Miradouro da Ermida (Gerês)
• N308-1 entre Portela de Leonte a fronteira Portela do Homem
• N304 entre Cruzamento com a N103 em Vieira do Minho e Covide
• N103 entre Cruzamento com N308 (Montalegre) e Nó da A24 (Chaves)
• M531 entre Barragem de Vilarinho das Furnas e Gondoriz, Terras de Bouro
• N108 entre Valbom e Entre os Rios
• N222 entre Castelo de Paiva e Cruzamento com N2 em Cambres, Lamego
• N2 entre Nó IP4 Vila Real e Lamego
• Antiga N210 entre Amarante e Celorico de Basto

N301 entre Nó da A28 em Caminha a Cruzamento com N201 em São Roque

Esta estrada é, sem dúvida, uma das minhas preferidas e, possivelmente, uma das melhores para aperfeiçoar a confiança nas curvas. O piso foi recentemente renovado, encontrando-se em condições impecáveis. Além disso, a ausência de pontos de conflito e de detritos na via proporciona uma condução fluida e segura. A largura da estrada é equilibrada – nem demasiado estreita, nem excessivamente ampla – e o traçado das curvas permite inclinações progressivas sem necessidade de velocidades elevadas.

O percurso atravessa uma densa floresta, o que, apesar de limitar as vistas panorâmicas, cria um cenário envolvente e agradável para um passeio, sobretudo na primavera e no verão.

No entanto, importa ter em atenção que, durante o inverno, a exposição solar é reduzida, o que pode impedir a secagem completa do piso em algumas curvas.

• Tampas: Não
• Direção: Qualquer uma
• Distância: 22km
• Estado do Piso: Perfeito
• Largura da Via: Médio, por vezes estreita
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Muito Reduzido
• Pontos de Conflito: Poucos

N303 entre Arcos de Valdevez e Paredes de Coura

Esta estrada segue o mesmo estilo da anterior, embora apresente um ligeiro aumento nos pontos de conflito, uma vez que atravessa algumas localidades. No entanto, fora das zonas habitadas, oferece a mesma experiência de condução fluida, com a vantagem de proporcionar vistas mais amplas sobre a paisagem montanhosa.

Um dos pontos altos do percurso é o Miradouro de Senharei, um local que merece uma paragem para apreciar a vista.

• Tampas: Não
• Direção: Qualquer uma
• Distância: 23km
• Estado do Piso: Perfeito
• Largura da Via: Médio, por vezes estreita
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Muito Reduzido
• Pontos de Conflito: Poucos

N201 entre Ponte de Lima e Cossourado

Esta estrada distingue-se pela sua largura constante e traçado previsível. Embora também apresente um conjunto interessante de curvas, o seu raio mais amplo exige velocidades superiores para atingir a mesma inclinação que nas anteriores, o que pode não ser do agrado de todos os motociclistas.

O percurso oferece algumas vistas de montanha, embora sem grandes destaques, e atravessa, na sua maioria, áreas florestais. Apesar da presença de alguns cruzamentos e habitações ao longo do trajeto, os pontos de conflito são reduzidos, garantindo uma condução fluida e segura.

• Tampas: Não
• Direção: Subir Ponte de Lima para Cossourado recomendado
• Distância: 18km
• Estado do Piso: Perfeito
• Largura da Via: Consistentemente Larga
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Muito Reduzido
• Pontos de Conflito: Praticamente Nenhum

N306 de Ponte de Lima a Rebordões (Ponte de Lima)

Trata-se de um percurso significativamente mais curto, mas extremamente divertido. Esta estrada é ainda mais estreita do que as outras nacionais da categoria 300 mencionadas anteriormente e apresenta curvas mais fechadas, exigindo maior precisão na condução.

Apesar do traçado envolvente, é necessário redobrar a atenção devido à presença de alguns pontos de conflito. No entanto, é uma excelente opção para aperfeiçoar a técnica em curva, uma vez que permite atingir boas inclinações a velocidades mais reduzidas.

• Tampas: Não
• Direção: Apenas Ponte de Lima para Rebordões, outra direção tem algumas tampas
• Distância: 6km
• Estado do Piso: Perfeito
• Largura da Via: Estreita
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Reduzido
• Pontos de Conflito: Poucos

CM1276 entre Vilar da Veiga e Miradouro da Ermida (Gerês)

Visitar o Gerês de mota e não percorrer esta estrada a subir deveria ser impensável. Este trecho de aproximadamente 7 km foi recentemente renovado, apresentando um piso impecável, sem tampas de esgoto ou cruzamentos que possam interferir na condução. O único fator que pode comprometer a experiência é o volume de tráfego automóvel, especialmente em épocas de maior afluência.

Ainda assim, considero esta a melhor opção para subir ao Miradouro da Pedra Bela, uma vez que a estrada alternativa do outro lado encontra-se em mau estado.

• Tampas: Não
• Direção: Subir de Veiga em direção à Ermida recomendada
• Distância: 7km
• Estado do Piso: Perfeito
• Largura da Via: Estreito, por vezes fica ainda mais estreito
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Depende das alturas, pode ser muito reduzido ou Moderado. Já fiz sem ter de ultrapassar ninguém, mas também ja tive de ultrapassar 4 ou 5 carros.
• Pontos de Conflito: Praticamente Nenhum

N308-1 entre Portela de Leonte a fronteira Portela do Homem

Este trecho divide-se em dois setores distintos. O primeiro, ilustrado na fotografia, apresenta um traçado com boas curvas e algumas vistas de montanha interessantes. No entanto, exige alguma atenção, pois certas zonas do piso encontram-se degradadas, o que pode afetar a condução.

A segunda parte atravessa a icónica Mata da Albergaria, onde a estrada foi recentemente repavimentada, embora a sua largura tenha permanecido praticamente inalterada. Ainda assim, continua a ser um percurso magnífico, especialmente durante a primavera e o verão, quando a envolvente natural está no seu auge.

• Tampas: Não
• Direção: Em direção à fronteira recomendado
• Distância: 11km
• Estado do Piso: Aceitável, e fica perfeito ao entrar na Mata da Albergaria
• Largura da Via: Estreito, por vezes fica ainda mais estreito
• Super elevação: Pouca, para não dizer nenhuma em algumas zonas
• Trânsito Automóvel: Depende das alturas, muito reduzido a Moderado
• Pontos de Conflito: Praticamente Nenhum

N304 entre Cruzamento com a N103 em Vieira do Minho e Covide

A qualidade do piso varia ao longo desta rota, mas a combinação entre o traçado, a envolvente florestal e as curvas bem desenhadas justifica plenamente a sua inclusão nesta lista.

No entanto, é fundamental redobrar a atenção ao tráfego automóvel e aos pontos de conflito, uma vez que esta estrada atravessa locais de grande afluência, onde o movimento pode ser intenso em certas alturas do ano.

• Tampas: Algumas, nada demais
• Direção: De Vieira do Minho para Covide recomendado
• Distância: 15km
• Estado do Piso: Bom, aceitável na pior das hipóteses
• Largura da Via: Média
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Moderado a Elevado
• Pontos de Conflito: Muitos em algumas zonas isoladas, depois praticamente nenhum.

N103 entre Cruzamento com N308 (Montalegre) e Nó da A24 (Chaves)

Esta secção da N103 destaca-se por proporcionar uma transição clara entre as paisagens do Minho e de Trás-os-Montes, tornando a viagem visualmente envolvente. Além disso, combina um traçado repleto de boas curvas, baixo volume de tráfego e vistas panorâmicas impressionantes, tanto sobre as montanhas como sobre a vasta albufeira da Barragem do Alto Rabagão.

• Tampas: Não
• Direção: Qualquer uma, mas a recomendação é: se for de manhã cedo, Chaves em direção a Montalegre. Se for final de tarde, Montalegre em direção a Chaves. O sol fica mesmo de frente durante bastante tempo.
• Distância: 25km
• Estado do Piso: Varia entre bom e aceitável em algumas zonas
• Largura da Via: Larga, fica mais estreita em algumas zonas.
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Reduzido
• Pontos de Conflito: Alguns em algumas zonas isoladas, depois praticamente nenhum.

M531 entre Barragem de Vilarinho das Furnas e Gondoriz, Terras de Bouro

Esta secção divide-se em duas partes bem distintas. O trecho mais próximo da barragem é bastante estreito e apresenta algumas zonas onde o piso começa a degradar-se, mas compensa com vistas de montanha absolutamente deslumbrantes.

Já entre Brufe e Terras de Bouro, a estrada foi recentemente renovada e encontra-se em excelentes condições, proporcionando uma condução fluida e segura. No entanto, é necessário ter alguma cautela em certos pontos, pois a estrada é periodicamente atravessada por residentes e animais.

• Tampas: Não, mas pode ter animais e fezes deles
• Direção: Barragem em direção a Terras de Bouro é recomendado
• Distância: 14km
• Estado do Piso: Aceitável na parte estreita, Perfeito na parte média
• Largura da Via: Uma secção Muito Estreita e depois largura Média
• Super elevação: Sim, mas pouca
• Trânsito Automóvel: Reduzido
• Pontos de Conflito: Poucos e concentrados nos centros das localidades

N108 entre Valbom e Entre os Rios

Esta estrada dispensa apresentações – trata-se da icónica N108. Pessoalmente, prefiro percorrer apenas o trecho até Entre-os-Rios, uma vez que, a partir desse ponto, considero a N222 uma opção superior até ao Peso da Régua. Ainda assim, é perfeitamente possível continuar pela N108, que continua a ser uma estrada interessante, embora, na minha opinião, a N222 ofereça uma experiência mais envolvente.

O principal fator a ter em conta nesta rota é o volume de tráfego, que pode ser elevado em certas alturas. No entanto, sendo uma estrada nacional de primeira categoria, mantém-se larga e previsível ao longo de toda a sua extensão, proporcionando uma condução segura e confortável.

• Tampas: Muito poucas
• Direção: Qualquer uma, mas prefiro Valbom em direção a Entre os Rios.
• Distância: 35km
• Estado do Piso: Bom, mas algumas zonas requer atenção
• Largura da Via: Consistentemente Larga
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Moderado a Elevado dependendo da altura
• Pontos de Conflito: Misto, algumas zonas com alguns, outras com nenhum. É preciso saber ler onde estamos.

N222 entre Castelo de Paiva e Cruzamento com N2 em Cambres, Lamego

Este trecho distingue-se dos restantes pela sua extensão – são mais de 70 km ao longo das margens do Rio Douro, o que resulta numa grande diversidade de condições ao longo do percurso.

Apesar dessas variações, a estrada mantém-se, de forma geral, larga e previsível, proporcionando uma condução confortável. Os principais pontos de conflito encontram-se nas localidades que atravessa, onde é necessário redobrar a atenção. Fora desses núcleos urbanos, o tráfego tende a ser reduzido, podendo apenas tornar-se mais intenso à entrada e no interior das povoações.

• Tampas: Misto, algumas zonas com, outras sem 
• Direção: Castelo de Paiva para Lamego recomendada
• Distância: 73km
• Estado do Piso: Varia, algumas zonas requer cuidado. Nada que seja muito inaceitável
• Largura da Via: Larga
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Reduzido a Moderado, principalmente perto das localidades
• Pontos de Conflito: Misto, algumas zonas com alguns, outras com nenhum. É preciso saber ler onde estamos.

N2 entre Nó IP4 Vila Real e Lamego

Esta é uma das melhores secções da emblemática Nacional 2, que atravessa Portugal de norte a sul. Pessoalmente, prefiro percorrê-la no sentido Vila Real → Lamego, pois proporciona vistas deslumbrantes sobre as vinhas do Douro, tornando a experiência ainda mais agradável.

• Tampas: Zonas com algumas, maior parte não tem
• Direção: Direção Vila Real para Lamego recomendada pelas vistas
• Distância: 33km
• Estado do Piso: Variado, Bom, na pior das hipóteses aceitável
• Largura da Via: Larga
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Reduzido a Moderado, principalmente perto das localidades
• Pontos de Conflito: Misto, algumas zonas com alguns, outras com nenhum. É preciso saber ler onde estamos.

Antiga N210 entre Amarante e Celorico de Basto

Descobri esta estrada por acaso e fiquei impressionado com a sua tranquilidade e a fluidez do traçado. A construção de uma variante a esta nacional, poucos metros acima na montanha, desviou praticamente todo o tráfego automóvel, tornando-a ainda mais agradável para quem procura uma condução serena e sem interrupções.

O único inconveniente é a passagem junto a um aterro sanitário, onde, durante alguns minutos, podem sentir-se odores desagradáveis. No entanto, este pequeno detalhe não compromete a experiência geral do percurso.

• Tampas: Misto, algumas zonas com, outras sem
• Direção: Qualquer uma
• Distância: 17km
• Estado do Piso: Varia, algumas zonas requer cuidado
• Largura da Via: Larga
• Super elevação: Sim
• Trânsito Automóvel: Reduzido a Moderado, principalmente perto das localidades
• Pontos de Conflito: Misto, algumas zonas com alguns, outras com nenhum, é preciso saber ler onde estamos.

Explorar o Norte de Portugal de mota é uma experiência única, onde cada curva revela uma nova paisagem e cada estrada tem a sua própria personalidade. Seja pelo prazer da condução, pelas vistas deslumbrantes ou pela tranquilidade de percursos pouco movimentados, esta região oferece alguns dos melhores trajetos do país para motards. Espero que esta seleção inspire novas aventuras e que estas estradas proporcionem tantos momentos memoráveis para ti como proporcionaram para mim. Boas curvas!